domingo, 8 de maio de 2011

Para quem me tornou Mãe

Era bem jovem e comecei a sentir coisas estranhas...Fome desmesurada e enjôo persistente. Sono sem fim e uma vontade de comer salame, salada de tomate e tomar Guaraná Antártica. Fiz o exame e deu positivo: estava grávida. Assim de sopetão saí de um estágio da vida para outro, sentia que era a Deusa gestando o mundo. Ao mesmo tempo apavorada pela ideia de parir um bebê. Passei o oitavo mês inteiro sem dormir considerando todas as possibilidades do nascimento e cheguei à conclusão mais que óbvia que não queria passar por aquela parte da brincadeira. Foi a primeira vez que a inevitabilidade me tocou. Não havia mais volta, algo iria acontecer.
Depois de tanto terror interno veio o parto que foi normal e tranquilo. Experiência de pico. Visitação da vida. E olhei pela primeira vez para aquele pequeno ser eterno em minha vida. E agora? Amamentar com seus olhinhos nos meus, fraldas e mais fraldas, excesso de cuidados de mãe de primeira viagem. Quanto estava começando a me acostumar, acontece de novo: grávida! Retomo a jornada com uma no colo e outro no ventre. Gravidez diferente e complicada e chega o "Trovãozinho", como o chamava a avó.
Diversão, barulho e confusão em dobro. Quando estavam felizes e de bem um com o outro conseguiam ser mais difíceis do que quando estavam a se matar. Sofás, paredes e portas desenhados. Mundos, mapas e novas línguas criados. Muita bola para jogar e histórias para contar. Cresceram e vieram as primeiras dores de amor, as primeiras decisões mais sérias.
Chegou o terceiro já grandinho e cheio de manias, porém com um coração do tamanho do mundo e um estômago ainda maior que o coração. A família ficou completa. Como mestre me ensinaram uma infinidade de coisas sobre mim: meus limites, minha impotência, minha dificuldade de lidar com frustração e erro. Sobre liberdade, escolhas, respeito ao outro, aceitação das diferenças e por aí vai. Num infinito cotidiano de esbarrões e beijos, desencontros e incompreensões bem como de aconchegos e confidências.
Se os eduquei bem não tenho certeza, mas que eles me fizeram ir além de mim, lá isto fizeram.
Como sempre digo a cada um dos três: " Você conseguiu frustrar todas as minhas expectativas e em muito superar meus sonhos!"
Sou-lhes imensamente grata por terem me tornado Mãe!

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