segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Quatro elementos

Ela ,ainda quase menina , apaixonara-se pelo marinheiro, descendente dos reis do mar. Em seus olhos verdes mergulhava feliz. Ele, como bom marinheiro que era, a deixou a ver navios.
Desiludida, caminhou pelos mundos até que encontrou o Senhor das Florestas e das profundezas da terra. Perdida de amor ficou. Mas a terra, esta ciumenta, um dia o tomou para si.
Inconsolável, buscou abrigo nos braços de um sacerdote do Deus dos Ventos. Parecia tranquila e feliz, até que por ali passou o Grande Circo. Não conseguiu resistir aos saltos destemidos do trapezista. Com ele fugiu.
Dizem que hoje cospe fogo como ninguém. Tornou-se, enfim, mulher-dragão.
Foto por Miriam Cardoso de Souza

Domingo no Parque

Outro dia, um domingo de inverno com cara de primavera, minha alma pediu passeio e rua.Coloquei um livro debaixo do braço e parti para o parque. Caminhava alegre com a possibilidade de me aboletar debaixo de uma árvore e me deliciar com a biografia inventada de Pessoa com que nos presenteou Elisa Lucinda. Lá chegando encontrei um menino pequeno vestido com aquela amarela camisa que nos define como amantes de futebol e de Brasil.  Andava, serelepe, ao lado da mãe e disse certeiro: "Mamãe, hoje é o dia mais feliz de toda a minha vida!"  Sete anos de uma longa vida que foi vivida para que aquele dia chegasse . Quem saberia a razão de tanta plenitude?! A mãe achou exagerado. Eu concordei e, silenciosamente, emendei:  Meu também! Meu também!
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