quinta-feira, 16 de junho de 2011

Manawee e seu cachorrinho


Sempre que retomo a leitura de "Mulheres que correm com os lobos" me surpreendo por perceber nuances novas. A linguagem poética  de Clarissa Pínkola toca e instiga a prosseguir na jornada da busca de um conhecimento interno profundo e selvagem. As histórias escolhidas por ela são emblemáticas de cada aspecto. Uma de minhas favoritas é Manawee. Fala do amor de um rapaz por duas irmãs gêmeas e da tarefa de lhes descobrir o nome para que com elas possa se casar. Meu personagem favorito é o cachorrinho que se distrai e esquece o que vai fazer o tempo todo. Assim como nós que quando nos lançamos a uma tarefa da alma não podemos sentir cheiro de "torta de laranja" que já saímos do caminho. Faz parte da aventura esquecer e lembrar...


Manawee

Era uma vez um homem que vinha cortejar duas irmãs gêmeas.
- Você não poderá se casar com elas a não ser que consiga adivinhar seus nomes - dizia, porém, o pai das moças.
Manawee tentava e tentava, mas não conseguia adivinhar os nomes das irmãs. O pai das moças abanava a cabeça e mandava Manawee embora todas as vezes.
Um dia Manawee levou seu cachorrinho junto numa visita de adivinhação, e o cachorro percebeu que uma irmã era mais bonita do que a outra e que a outra era mais delicada do que a primeira. Embora nenhuma das duas irmãs possuísse todas as virtudes, o cachorrinho gostou muito delas porque elas lhe deram petiscos e sorriam olhando fundo nos seus olhos.
Também naquele dia Manawee não conseguiu adivinhar os nomes das jovens e voltou irritado para casa. O cachorrinho, porém, voltou correndo para a choupana das irmãs. Ali ele enfiou a orelha por baixo de uma das paredes laterais e ouviu as moças dando risinhos e falando sobre como Manawee era bonito e másculo. Enquanto falavam, as irmãs se chamavam mutuamente pelo nome, e o cachorrinho, tendo ouvido, voltou correndo com a maior velocidade possível para seu dono para lhe passar a informação.
No caminho, porém, um leão havia deixado um grande osso ainda com carne perto do caminho, e o minúsculo cachorrinho sentiu imediatamente o cheiro, não pensou em mais nada e se desviou mato a dentro arrastando o osso. Ali, ele lambeu e mordiscou o osso com grande prazer até que todo o sabor desapareceu. Ah! O pequeno cãozinho de repente se lembrou da tarefa esquecida, mas infelizmente ele também havia esquecido os nomes das moças.
Por isso, ele correu de volta à choupana das gêmeas e dessa vez já era de noite e as jovens estavam passando óleo nos braços e pernas uma na outra e se arrumando como se fosse para uma festa. mais uma vez o cãozinho as ouviu chamando-se mutuamente pelo nome. Ele deu pulos de alegria e estava correndo pelo caminho afora na direção da choupana de Manawee quando do meio do mato veio o aroma de noz-moscada fresca.
Ora, não havia nada que o cachorrinho adorasse mais do que noz-moscada. Por isso, se desviou um pouco do caminho e correu para o lugar onde uma bela torta de laranjas estava esfriando em cima de uma tora. Bem, logo a torta já não existia mais, e o cachorrinho tinha um adorável hálito de noz-moscada. Enquanto trotava de volta para casa com a pança cheia, tentou pensar nos nomes das moças, mas, mais uma vez, ele os havia esquecido.
Finalmente, o cachorrinho tornou a voltar correndo até a choupana das irmãs, e dessa vez as irmãs estavam se preparando para casar. "Ah, não!" pensou o cachorrinho, "quase não tenho mais tempo." E, quando as irmãs se chamaram pelo nome, ele guardou os nomes na mente e saiu em disparada, com a determinaçãoresoluta e absoluta de que nada iria impedi-lo de transferir os preciosos nomes a Manawee imediatamente.
O cãozinho vislumbrou caça pequena recém morta no caminho, mas a ignorou e saltou por cima dela. Por um instante, pareceu-lhe sentir o aroma de noz-moscada no ar, mas ele o ignorou e preferiu continuar correndo na direção da sua casa e do seu dono. No entando, ele não contava com a possibilidade de um estranho de negro saltar do mato, agarrá-lo pelo pescoço e sacudi-lo ao ponto de seu rabo quase cair. Pois, foi o que aconteceu.
Diga-me aqueles nomes! Diga-me os nomes das moças para que eu as possa conquistar - gritava o estranho o tempo todo.
O cãozinho achou que ia desmaiar com aquele punho lhe apertando o pescoço, mas lutou com bravura. Ele rosnou, arranhou, esperneou e, afinal, mordeu o estranho entre os dedos. Os dentes do animal picavam como vespas. O estranho berrava como um búfalo-da-índia, mas o cãozinho não soltava. O estranho correu pelo mato adentro com o cãozinho pendurado numa das mãos.
- Solte-me, solte-me, cãozinho, e eu o soltarei - implorou o estranho de negro.
- Não volte por aqui - rosnou entre dentes o cãozinho - ou não verá mais a luz do dia. - E assim o estranho fugiu pelo mato, gemendo enquanto corria. O cachorrinho prosseguiu meio mancando, meio correndo, pelo caminho até encontrar Manawee.
Muito embora seu pêlo estivesse sujo de sangue e suas mandíbulas doessem, os nomes das jovens estavam bem nítidos na sua mente, e ele se aproximou de Manawee, claudicante, mas feliz da vida. Manawee correu de volta até a aldeia das moças com o cachorrinho nos ombros, e as orelhas do cachorro dançavam ao vento como rabos de cavalos.
Quando Manawee chegou até o pai com os nomes das filhas, as gêmeas receberam Manawee completamente vestidas para viajar com ele. Elas haviam estado à sua espera o tempo todo. Foi assim que Manaweeconquistou duas das donzelas mais belas da região. E todos os quatro, as irmãs, Manawee e o cãozinho, viveram juntos em paz por muito tempo.
Krik Krak Kroutnow this story is out.
Krik Krak Krunnow this story is done.

Um comentário:

Anônimo disse...

que lindo fofinho!!!!!!!!!

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