quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Hera uma vez



Numa festa à fantasia em Taubaté o modelito que maior sucesso causou foi uma senhora de roupão velho, creme no rosto, bobbies no cabelo e um rolo de macarrão em punho. Dona Hera.
Grande injustiça!!!
Não se revela a intimidade da Deusa impunemente.
Se entendermos um pouco o que estava acontecendo naqueles tempos de Olimpo poderemos até sentir uma pitadinha de simpatia por ela. Até a civilização grega a Deusa reinava poderosa em todas as culturas. Observação simples da natureza: desde sempre os humanos nascem de um ventre de mulher. Nada mais justo do que venerar à Mãe em todos os seus aspectos.
Porém chegou um novo tempo e uma nova visão de mundo onde o Pai prevaleceria. Se estudarmos a fundo os mitos gregos veremos a dominação do divino masculino avançando nos terrenos daquela que até então ocupava o lugar de honra nos cultos.
Hera é um dos exemplos máximos disto. Casa-se com Zeus e tem que ser submissa a ele. De protagonista à coadjuvante, passa a ter poder através da posição de esposa e é este poder subalterno que defende com unhas e dentes. O grande Deus dos raios, como sabemos, não podia ver um rabo de saia sem colocar a sua marca. Teve várias amantes sempre deixando um rastro para que a esposa descobrisse e retaliasse. Ah! Isto ela fazia com muito gosto. Perseguia mulheres e filhos ilegítimos com requintes de crueldade. Pergunto-me sempre se algum dia ela levantou a hipótese de ter se casado com um canalha. Deus me perdoe!!!
Encontrei várias Heras pela vida. Outro dia até sonhei com uma delas. Em algum momento encontraram um homem pra chamar de Seu , lhes agregar valor e passam a tratá-lo como propriedade inalienável. Maldizem as mulheres que seriam responsáveis por todas as transgressões masculinas desde Eva. (Ops, misturei mitologias). Todas são rivais e inimigas em potencial. Desconfiadas e infelizes. Esquecidas de seu poder no mundo. Inevitavelmente traídas por si mesmas. Pobres Heras!
Apesar de compadecida devo advertir às Afrodites de plantão: nunca subestime o poder de uma Hera. Ela pode te transformar em cinzas. Mera lembrança.

Um comentário:

Renata Moura disse...

O epíteto de Hera era a fidelidade...
Se ela fosse se casar com um homem fiel, nunca exerceria seu epíteto pessoalmente...
Por isso ela se casou com o pior canalha do Olímpo e passou a eternidade lidando com isso...

Algumas mulheres vão atrás disso. O marido sempre apronta e a culpa é da outra mulher. Ou o marido apronta e ela se culpa...

Mas concordo que viver na era das Deusas deve ter sido uma época bem mais divertida para as mulheres!!

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