sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Quando Afrodite presenteia


Noite de Lua Cheia. Aniversário muito especial e resolvera fazer esta travessia numa viagem solitária a uma ilha paradisíaca. Há alguns anos assistira " Shirley Valentine" e se encantara com a possibilidade de ir além de seu mundo conhecido sozinha. A hora havia chegado e partiu rumo à nova e emocionante aventura.
Instalada na ilha tinha que comemorar como se deve: saiu para dançar no único lugar disponível. Chegou meio deslocada, meio estranha, porque até ali sempre tinha companhia, nem sempre das melhores, mas companhia. O local era muito animado cheio de turistas e nativos mas ela se retirou para um terraço de onde podia avistar a Lua toda e o mar refletindo sua luz. Fez um rápido balanço de sua vida  e a olhar para toda aquela beleza lembrou-se de Afrodite. Pediu com insistência um presente de aniversário: queria viver um romance, mas não como os que tinha tido  em que precisasse conquistar ninguém, nem mostrar serviço para comover o sujeito. Queria ser contemplada como aquela lua ;  que o amante atraído se apresentasse e pronto! Assim ficou perdida em pedidos e devaneios até que sentiu sede e foi buscar um refrigerante no bar.
Sentou-se para observar as pessoas a dançar Logo apareceu ao seu lado um nativo que lhe pediu um gole de seu refrigerante. Achando aquilo um tanto inconveniente simplesmente estendeu a latinha. Ele tomou um gole e a devolveu. Disse de sopetão que de verdade só queria sentir o gosto de sua boca naquele canudinho. Gente, que cantada mais barata!!!! Mas ele não parou por aí , continuou dizendo que o que desejava mesmo era sentir o gosto de sua boca em sua boca. Em condições normais de temperatura e pressão este era o momento em que ela se levantaria e sairia de perto daquele ser atrevido, mas era noite de Afrodite e fez o inimaginável: Levantou-se, foi até o sujeito e o beijou apaixonadamente. Nem ele esperava por esta. Dançaram a noite inteira e quando a convidou para ir para sua casa, ela relutou. Não era mulher de se deitar com ninguém num primeiro encontro. Mas ouviu em sussurro em seus ouvidos: "É meu presente! Você só vai se arrepender do tempo em que não ficar com ele! " E foi...
Nunca havia suspeitado que seu corpo pudesse responder assim a um corpo de homem. Prazer supremo que aproveitou até a última gota. Ele, diferente de todos que conhecera, a tratava apenas como  mulher. Ela, não ficava o tempo inteiro a narrar o jogo internamente, silenciou-se completamente pouco falando de si, de sua vida. Importava viver.
Intensos dias que chegaram a um fim. Na despedida seu corpo doía com a dor de saber que jamais encontraria aquele corpo de novo. Dor profunda e não catalogada.  Presente desta Mãe tem sempre tempo de validade. Que importa? Voltaria para sua vida mas nunca mais seria a mesma...

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