domingo, 20 de março de 2011

Clarissa Pínkola e seu fiel jardineiro


Outro dia conversando sobre as coisas que mais me trazem prazer à existência mencionei a leitura. Alguns me olharam com certa desconfiança. Minha velha avó tinha 71 anos quando nasci e portanto nenhuma capacidade de correr atrás de um bebê cheio de vitalidade e ansioso para explorar cada canto de seu mundo. Resolveu o problema me colocando num "caixão". Deixem-me explicar: acolchoaram uma grande caixa de madeira e lá me colocaram. Para me distrair, além dos brinquedinhos comuns a todas as crianças me deram revistas da época e muitos livrinhos. Saí de lá lendo e nunca mais parei.Lembro-me de que reclamavam, e ainda o fazem, de que ao ler me transporto para dentro do livro e de nada mais preciso. Favorece intensamente meu autismo brando de quem ama passear pelas paisagens internas trazidas pelos escritores e poetas. Trato os livros como pessoas queridas que me acompanham na caminhada. Alguns li várias vezes, outros me encantam tanto que vou saboreando bem devagar para que não acabem nunca...Há alguns anos encontrei um, pequenininho e despretensioso da Clarissa Pínkola. " O jardineiro que tinha fé". Com a prosa poética de sempre ela narra várias histórias entremeadas, sendo o eixo principal a jornada de um tio que amava as florestas. Comovente por demais. a cada vez que eu dei este livro de presente percebia que as pessoas não tinham a dimensão do que estava por vir. Depois vinham os agradecimentos pela beleza contida naquelas poucas e simples páginas.Clarissa tem o poder de tocar a alma e sem pieguice trazer à tona o melhor do humano.

"O que é que não pode morrer nunca? É aquela força de fé que nasce dentro de nós, que é maior do que nós, que chama as novas sementes para os lugares áridos, maltratados, abertos, para que possamos nos ressemear. É essa força na sua insistência, na sua lealdade a nós, no seu amor por nós, nos seus meios, na maioria das vezes, misteriosos, que é maior, muito mais majestosa e muito mais antiga do que qualquer outra jamais conhecida"."Estou certa de que, enquanto estivermos aos cuidados dessa força de fé, aquilo que pareceu morto não estará morto, aquilo que pareceu perdido não estará mais perdido, aquilo que alguns alegaram ser impossível tornou-se nitidamente possível, e a terra que está sem cultivo está apenas descansando - à espera de que a semente venturosa chegue com o vento, com todas as bençãos de Deus. E ela chegará."

5 comentários:

Clarissa Barth disse...

Que lindo, Cassia... foi tocante ler isto em uma manhã chuvosa e melancólica. Beijos!

Ana Carla disse...

Quantas broncas levei (levo?) por não escutar enquanto leio!! Rs... E mais uma vez agradeço por me apresentar à Clarissa Pínkola.

Cassia disse...

Ana Carla, sou eu quem agradece! Ler é sempre a saída....rsssss

Cassia disse...

Clarissa, sua xará sempre tem o que dizer, assim como você.

Samira disse...

Adoro este livrinho que você me presenteou..tenho saudades dele..rs

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