quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Jogo


O Jogo

Há milhares de anos existia um reino chamado Jardim dos Sonhos. Neste lugar a família real vivia em paz e harmonia com todos os seus súditos, pois o rei era considerado um homem sábio e justo e por isso respeitado e amado por todos. Um dia, apareceu na porta do palácio uma bela senhora com a face serena como a de um anjo, que tinha o dom de encantar as pessoas com a sua conversa mansa e divertida e com jogos e brincadeiras que ela propunha para entreter seus ouvintes deixando a todos encantados com seu jeito doce e sedutor.
Como nada passava despercebido aos olhos do rei e vendo que tal senhora tinha o dom de distrair os seus súditos, ele a mandou chamar para lhe propor que ficasse no reino ocupando o cargo de senhora dos jogos e das festas, ou seja, ela seria a pessoa responsável por promover e organizar todos os jogos e também as festas no reino.
Logo ela se tornou o centro das atenções do reino com seus jogos, brincadeiras e festas que organizava para todos os súditos do reino. Os jogos pareciam trazer felicidades e satisfações sem fim a todos e mesmo que, de vez em quando, alguém se machucasse, ninguém se importava pois todos se espelhavam nos aparentes vencedores e sempre queriam participar novamente.
Todos se deleitavam com os jogos e  festas daquela senhora, divertindo-se a valer e, desta forma os anos foram passando, até que um dia chegou um viajante de um reino distante. Este viajante era conhecido em seu reino como um homem de grande sabedoria e logo viu, que todos ali estavam empenhados em se distrair com os jogos, festas e brincadeiras daquela senhora, completamente envolvidos por ela, a ponto de se esquecerem do real propósito de suas vidas. Percebendo isto, o viajante pediu para falar com o rei, dizendo que tinha algo de muito importante  a respeito do próprio reinado para contar a ele.
O sábio ao ser recebido pelo rei no salão do palácio lhe relatou:
- Oh, estimado rei! Vejo que seu reino é muito vasto e rico e sei que governas com justiça e sabedoria, porém, há nele uma senhora de face como a de um anjo, que com seu jeito envolvente, domina os seus súditos e faz com que todos, de uma forma ou de outra se iludam com os seus jogos e, assim, se esqueçam do real propósito da vida.
O rei então lhe contou que fora ele mesmo que a convidara par viver naquele reino, exercendo tal função e que tudo aquilo estaria sujeito a acontecer. Mas sabia também que um dia seus súditos se cansariam dos jogos e das festas, que lhes prometiam a princípio, muitas felicidades e prazeres, mas que no fundo nunca as satisfariam plenamente, pois tais divertimentos erma apenas superficiais e fugazes. Quando isto acontecesse, eles estariam preparados para se conscientizarem, com toda clareza e lucidez, da verdadeira essência da vida.
Ouvindo isto, o sábio sentiu que estava diante de um homem de sabedoria e onisciência e reverenciou o rei, que sentiu que a chegada do sábio ao reino, seria o momento oportuno e auspicioso para que alguns de seus súditos começassem a despertar para o rela propósito da vida. Pediu, então, ao sábio homem que o ajudasse na missão de despertar seus súditos para uma consciência mais ampla, através de um processo de auto-análise, busca do conhecimento e disciplina espiritual.
O sábio aceitou tal missão. E todos os viajantes que passavam pelo reino diziam que aquele homem continuou com sua missão por muitos e muitos anos e que apesar de no princípio não ter sido compreendido pela maioria, cada um a seu tempo e a seu modo foi despertando do reino do Jardim dos Sonhos.


Conto de Marcelo Satuf Amaral

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