segunda-feira, 7 de maio de 2012

"As violetas me imensam"

Semana de poesia. Semana cheia de idas e vindas, dores e emoções desencontradas. Palavras saltando dos recônditos mais esquecidos. Escolheram-me dois poemas para me possuir. Adélia veio tranquila e sábia, como sempre. Fluía doce. Mas Manoel de Barros é outra coisa. Apaixonei-me mas parecia que não ia dar em nada. A principio um encontro meio desajeitado em que as palavras não pareciam querer passear por mim. Quase deixei pra lá e fui procurar um Quintana, um Caeiro. Mas não. Tinha que ser ele. E depois de um longo domingo de conflitos e discussões aconteceu:  Manoel, enfim , foi meu e eu, toda dele...




De Manoel de Barros


Não é por me gavar
mas eu não tenho esplendor.
Sou referente pra ferrugem
mais do que referente pra fulgor.
Trabalho arduamente para fazer o que é desnecessário.
O que presta não tem confirmação,
o que não presta, tem.
Não serei mais um pobre diabo que sofre de nobrezas.
Só as coisas rasteiras me celestam.
Eu tenho cacoete pra vadio.
As violetas me imensam


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