segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Poesia consola...

Há dias em que a tristeza consome os que habitam num mundo de injustiças..
Há dias em que a vergonha se abate sobre quem se indigna mas pouco pode fazer.
Há dias em que a dor dos despossuídos consome a alma e apaga o riso.
Nestes dias só o que pode amenizar o desalento é a poesia...








Mãos dadas 



                   Carlos Drummond de Andrade



Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

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