sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sobre mentiras

Há alguns anos eu e minha grande amiga e parceira em muitos trabalhos, preparamos um workshop com o título ; "Mentiras que nos contaram (ou nos contamos) sobre a vida e os relacionamentos". Coisa simples e tranquila...Como gostamos muito de fazer. Conheci a Cris Balieiro num grupo de estudos da obra de Joseph Campbell. Percebemos rapidamente que tínhamos muito em comum (líamos enciclopédias quando pequenas!) e uma singela ambição: mudar o mundo. Criamos juntas um círculo de mulheres e os Diálogos Femininos que já renderam muitas transformações. Recebemos o merecido título de Professoras de Dúvidas.
Mas voltando às mentiras. Vivemos despreocupadamente baseados em crenças das quais não nos damos contas. Certezas que norteiam nossas vidas e que cultivamos com carinho sem perceber que roubam nossa vitalidade e criatividade. Somos apresentados a uma visão de mundo que raramente questionamos. Recebemos indicações do que devemos fazer para sermos felizes e bem sucedidos e logo somos frustrados, mas não queremos muitas vezes o trabalho de suspender as "verdades".
Nos relacionamentos criamos ideais e padrões do que seria esperado de nós e do outro que jamais se cumprem e seguimos iludidos ou resignados. Uma das crenças mais acalentadas é a de que o amor a tudo transforma e é condição suficiente para resolver todos os problemas. Quanta devastação pode surgir desta ilusão? Quanta dor, desrespeito e até morte podem vir desta certeza?
O trabalho de desconstrução é árduo e exige coragem. Vasculhar cantos e jogar fora ideias, ilusões e certezas causa muita angústia. Mas que compensa, isto compensa...Viver sem fardos de que não precisamos mais nos abre possibilidades insuspeitadas e caminhos novos para sermos aquilo que podemos ser.



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