" Você é perfeita. Mas eu não te amo!", disparou ele à queima roupa no meio de um daqueles almoços de todos os dias. Falou como quem pensa alto e que não necessita de resposta do interlocutor. Ela, acometida por uma dor inesperada, ficou muda. Seu mundo parecia ter sido despedaçado por um ataque atômico. Como??? Passara sua vida inteira buscando ser a melhor possível: a mais amável, a mais inteligente, a mais gentil, a mais desejável, a mais...
Sempre acreditara que seria possível, com certos artifícios conquistar o mundo, inclusive o homem a quem amasse. Para tanto se dispusera a aprender tantas coisas , a procurar ser tantas coisas. Quando tal não acontecia tinha plena certeza de faltava algo nela, e que precisava ainda buscar ser mais e mais. Poderia ser que o próximo vestido, o próximo livro ou o próximo workshop lhe tornasse digna de amor. E ela se esforçava, ninguém poderia negar...
Ele, com a cruel frase de pesadelo, a libertou da terrível ilusão de que para ser amada teria que se superar e alcançar quase a divindade. Segue limitada e imperfeita, aprendendo que amar implica aceitar sua vulnerabilidade tão humana, com uma leveza de quem nada mais precisa, além de ser.
2 comentários:
Bah!
Ser amada.....seria uma ilusão de Maya?
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