Quando estava fazendo mestrado cursei uma disciplina de cunho mais filosófico com uma professora muito querida, a Iray Carone, que era irmã do tradutor brasileiro do Kafka, o Modesto. Família de intelectuais, Iray era uma estudiosa de Marx e quem me iniciou na leitura de um dos livros mais comentados e menos lidos, "O Capital".
A disciplina da qual estou falando, porém, tratava da busca da felicidade. Assunto discutido exaustivamente por vários autores a começar por indagar sobre o que seria a tal felicidade e como encontrá-la.
Um dos grandes, Aristóteles, postulava que só a sensação do dever cumprido, da ação correta poderia ser nomeada como felicidade. Cumprir a missão. Algo que deveria ser ligado ao coletivo, ao bem comum. Já meu respeitado "Pai", o Freud ,diz que é a "satisfação, de preferência repentina, de necessidades represadas em alto grau". Quanta diferença! Do cumprimento do dever no coletivo para a satisfação de desejos individuais. Como conciliar visões tão díspares?
Fomos contaminados pela ideia de que podemos adquirir felicidade. Comprar ou conquistar objetos e chegar enfim a um estado de satisfação plena e de poder ilimitado. Ledo engano. Se felicidade é satisfação de desejos e o desejo é por natureza impossível de ser satisfeito...
Temos que seguir buscando aquilo que nos faz sentido . Trabalho árduo de ir além das opiniões e soluções da cultura. Pensar, questionar, experimentar, sentir, doar... Nada tão simples como abrir uma Coca-Cola.
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