Foi dada às mulheres a tarefa de contar os tempos. Os primeiros calendários eram baseados nas fases da Lua. Os chamados calendários lunares em que os meses tinham 28 dias. Como o ciclo menstrual feminino. Ciclos e estações determinavam o ritmo da vida. A percepção do tempo era dada pelas mudanças na cor das folhas, pela diminuição da luminosidade, enfim, pela observação de uma natureza também cíclica. Nestas eras, as mulheres cumpriam as tarefas mais ligadas à terra, quer seja coleta, quer seja o plantio. Fazia-se necessário conhecer os processos de transformação ao longo do tempo, o momento oportuno para cada coisa. O sangue mensal fazia parte deste calendário. Sua chegada marcava a entrada no mundo adulto e seu final, a entrada no mundo da sabedoria. Compreender tempos e processos era assunto vital para o bem estar e até para a sobrevivência de nossos ancestrais.
Há muito este conhecimento se perdeu para a maioria de nós. Observar as estações do ano, as fases da Lua virou coisa de esotéricos. A distância entre o humano e a natureza cresceu tanto que esquecemos que somos parte dela e sujeitos ao ritmos e ciclos que desrespeitamos constantemente. Se possível a gravidez hoje duraria menos e menstruação passou a ser tratada como mero desperdício. Cabe a nós seguir os ritmos digitais e sentirmos um desconforto por quase nunca estarmos em paz com o relógio. Ansiedade, impaciência, stress...Lutamos contra o tempo. Esquecidas, perdidas e um tanto equivocadas, caminhamos pela vida sem a percepção das mudanças. Reclamamos que atualmente o tempo passa mais rápido. Quem corre somos nós que nem sabemos na verdade que dia é hoje.
Imagem: Vênus de Laussel com chifre mostrando traços de uma marcação do tempo lunar.
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