Um de meus portais favoritos sempre foi o cinema. Quando digo portal é o que nos leva à uma nova dimensão interna, extensões desconhecidas que acessamos com uma imagem, um diálogo, uma história...
Nestes dias chuvosos de Matutu, com trilhas e cachoeiras um tanto complicadas, a saída foi nos voltarmos para a Sétima Arte. Criou-se o inegualável Festival Simba de Cinema. Numa sala improvisada, com tela e tudo o mais, fomos salvos da claustrofobia cinza por belas imagens de lugares longínquos.
O primeiro filme a ser exibido foi " A Banda", uma produção franco israelense de 2007, que retrata a visita de uma banda militar egípcia a Israel para tocar num Centro de Cultura Árabe. Como ninguém os recebe na chegada, com todas as dificuldades de comunicação tentam chegar ao local da apresentação por conta própria e acabam parando numa cidade perdida no meio do deserto.
Fugindo do lugar comum da animosidade entre árabes e israelenses, o filme passa a tratar dos encontros humanos, das diferenças e sobretudo, das semelhanças que nos unem. A língua usada para se comunicarem é um inglês que, por vezes, não dá conta daquilo que só se pode dizer na língua materna. Até por isso, o não dito é o que sobressai. Com uma sensibilidade ímpar o diretor passeia pelas possibilidades e impossibilidades dos personagens, trazendo à luz as pequenas transformações no percurso.
É ao mesmo tempo muito divertido, com cenas hilárias, e comoventemente dramatico por desvelar que a condição humana é perpassada por "toneladas de solidão".
Mereceu o prêmio do Festival. O osso de ouro.
Um comentário:
Realmente uma tarde incrível! "Horinhas de descuido" embaladas por pura poesia!
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