Zeus, certo dia, encantou-se por uma filha de Titãs de beleza ímpar cujo nome era Leto. Como a ninguém era dado fugir ao assédio do deus, ela acabou engravidando de gêmeos, o que provocou a ira de sua esposa, Hera. A deusa proibiu Leto de dar à luz em terra firme, no continente, em qualquer ilha ou em qualquer lugar debaixo do Sol. Algumas versões contam que ela se transformou numa loba e passou a procurar um lugar onde pudesse ter seus filhos. Chegou, enfim, a uma ilha flutuante chamada Delos. Ali nasceu primeiramente quase sem nenhuma dor, Ártemis. Como se a filha fosse uma manifestação da essência da mãe. As dores do parto de Apolo entretanto duraram nove dias e nove noites. A menina assistiu à mãe nos trabalhos, uma vez que Hera tinha retido Ilítia, sua filha e deusa dos partos, junto a si.
Cresceu muito amada pelo pai que lhe concedeu seis pedidos: permanecer virgem; ser chamada por vários nomes para distinguí-la de seu irmão,Apolo; ser a doadora da Luz;portar um arco e flecha e usar uma saia curta para que pudesse correr pelas montanhas em liberdade, ter como seu "coro", nove filhas de Oceano, todas com nove anos de idade e como damas de companhia vinte ninfas que iriam cuidar de seus cães e arco quando descansasse. Não tinha nenhuma cidade que lhe era dedicada, mas era a guardiã das montanhas e florestas e a ajudadora das mulheres na hora do parto.
Nasce, criança sagrada, dentro de uma disputa entre deusas, mas cria para si um ambiente feminino de companheirismo e cuidados. Pode nos falar da profunda amizade que nutre a alma das mulheres, de um convívio produtivo e necessário cheio de trocas e possibilidades. Desvela também a busca pelo recolhimento quase que monástico em meio a natureza. Renova-se na corrida com seus animais. Talvez uma das patronas da Mulher Selvagem...
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