De volta da Pásargada, lembrei-me de uma pequena história que ouvi Regina Machado contar e que pode ser encontrada em seu livro "O violino cigano".
Eu a conto desta maneira muito pessoal:
As mulheres nos haréns, como todos os humanos, geralmente são acometidas por duas sortes de problemas, aqueles que em árabe são chamados muskil, que são aqueles cotidianos de ordem prática e externa. Coisas que se perdem, coisas que se quebram, coisas que são roubadas e muitas outras coisas... As mulheres nos haréns são espertas e sabem que tudo isto pode ser resolvido com conselhos, paciência ou com o próprio tempo.
Existem, porém, os chamados problemas hem. Como seria um problema hem? Aquela inquietação constante que não dá descanso em tempo algum. Um aperto no peito, um desassossego sem trégua. Quando uma das mulheres começa a ficar estranha e perde a serenidade, ela sabe o que fazer. Segue solitária até o mais alto de seu palácio, senta-se e muito silenciosa passa a contemplar o horizonte. Fica e fica tempos a olhar os pássaros, as nuvens, o Sol fazendo seu caminho no céu, a Lua surgindo, as estrelas...Quando seu coração se acalma ela retorna às suas companheiras, que por conhecerem todas aquela aflição, a cercam de cuidados e mimos.
São sábias mulheres, que sabem que os problemas hem só podem ser curados com silêncio, contemplação e gentileza.
Um comentário:
Essa é uma das minhas histórias preferidas.... Não me esqueço nunca de como você a contou...
Bjs,
Francine.
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