Certo dia um velho amigo meu lançou um convite pela internet: Quem gostaria de fazer um curso para aprender a dizer poesia? A poeta capixaba, Elisa Lucinda, iria dar aulas nas tardes de sábado num teatro aqui perto de minha casa. Atendi ao chamado prontamente. Nem imaginava como poderia ser,mas poesia é sempre bom e la fui eu.
Além de mim várias pessoas haviam se disposto à aventura. Éramos por volta de trinta curiosos e ansiosos pela presença da mestra.
Ela chegou, carregada de livros e beleza. Auxiliada por duas fiéis escudeiras propôs que cada um escolhesse o poema que mais lhe tocasse nos livros que trouxera. Eram muitos: Drumond, Adélia, Pessoa e por aí vai... Depois de escolher deveríamos ler em voz alta. De forma alguma declamar como nas antigas fórmulas. Dizer como se conversássemos ao pé de um ouvido amigo, naturalmente, com a emoção contida na palavra mas sem afetação.
Neste instante instarou-se a magia: ouvir trinta poemas, entremeados de outros tantos que Elisa, Geovana e Emilene nos presenteavam, criou uma atmosfera encantada em que cada som parecia carregado de pleno sentido.
Minha alma sorvia ,sedenta, cada verso, cada estrofe. Uns eram sóbrios, outros divertidos e surpreendentes. Desvelavam mistérios do amor e desamor, da vida e da morte.
Ao acabar a aula, saindo à rua, meus olhos pareciam ver tudo poeticamente. As árvores, pássaros, Lua e até mesmo carros surgiam com uma nova luz. Estava em êxtase. Lembro-me de pensar que poderia viver assim para sempre. Sem de nada mais precisar. Repleta. Resplandescente como tendo contemplado a face de Deus.
Como tudo que começa, um dia o curso chegou ao fim, celebrado com uma grande apresentação.
Depois de repetirmos infinitamente nossos poemas eles se manifestaram íntimos de cada um de nós.
Desde então meu Caieiro me acompanha e meus olhos nunca mais voltaram ao normal.
3 comentários:
Cassia, e quando voce declama, os poemas se tornam também intimos de nós, que a escutamos criar magia...
bjs Bia
Querida Cassia, podia ouvir sua voz enquanto lia... e ela era pura poesia. Beijos! Cris.
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