Todo o ano quando o Carnaval chegava, ele se mirava no grande espelho de seu quarto e com cuidado amoroso retirava a máscara. Trabalho delicado pois células, sangue e silicone se misturavam como se fossem uma coisa só. Despia-se lentamente, retirava a peruca , banhava-se. Depois voltava a se observar no espelho, esquecido de quem era. Permitia-se quatro dias de profunda depressão, mau humor, instabilidades. Desvelava por inteiro sua insignificância. Festa visceral de um encontro com seu escondido e alterado ego. E o bloco passava ao longe...
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