terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Cantar a canção da alma

Em muitas histórias, na hora do perigo, da revelação, da transformação faz-se necessário cantar a canção. Canção que abre portas, que desfaz véus, adormece dragões e cria vida onde a morte havia se instalado. Clarissa fala da necessidade e do poder do canto da alma no momento certo.

" Na história, La Loba canta sobre os ossos que reuniu. Cantar significa usar a voz da alma. Significa sussurrar a verdade do pode r e da necessidade de cada um, soprar alma sobre aquilo que está doente ou precisando de restauração. Isso se realiza por meio de um mergulho no ponto mais profundo do amor e do sentimento, até que nosso desejo de vínculo com o Self selvagem transborde, e em seguida com a expressão da nossa alma a partir desse estado de espírito. Isso é cantar sobre os ossos. Não podemos cometer o erro de tentar extrair esse imenso sentimento de amor de algum ser amado, pois essa função feminina de descobrir e cantar o hino da criação é um trabalho solitário, um trabalho realizado no deserto da psique".

Busquemos o deserto do silêncio, esperemos que nossa vísceras despertem , revelem o maravilhoso som que um dia nos criou e que nossa canção, assim tão íntima, recrie mundos.

Estés, Clarissa Pínkola - Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem  - Rio de Janeiro: Rocco, 1994

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