quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Uma história sobre morangos...

Muitas histórias falam de tempos tão distantes que se perderam na memória...Sobre amores e sobre frutos...Esta é uma destas que, ainda por cima, tem grande poder curativo.






Morangos

Muito tempo atrás, no começo do mundo, viviam o primeiro homem e a primeira mulher. Eles moravam juntos como marido e mulher , e se amavam com ternura. Mas um dia brigaram. Embora nenhum deles conseguisse se lembrar do motivo depois, a dor aumentava com cada palavra dita até que, finalmente, com raiva e infelicidade, a mulher saiu de casa e começou a se afastar para o leste, em direção ao nascente.
O homem sentou-se sozinho, em sua casa. A raiva havia passado e tudo o que restara era uma dor e um desespero terríveis.
Um espírito ouviu o homem chorando e se compadeceu dele. O espírito disse: "Homem, eu vi sua mulher caminhando para o leste em direção ao sol nascente".
O homem saiu atrás da esposa, mas não conseguia alcançá-la. Todos sabem que uma mulher zangada caminha rápido.
"Eu irei na frente e verei se é possível desacelerar os passos dela", disse o espírito, que logo encontrou a mulher caminhando, com passos rápidos e zangados, e com o olhar fixo à sua frente.
Havia dor em seu coração. O espírito viu alguns arbustos de mirtilo crescendo ao longo da trilha, e fez os botões se abrirem em flor e amadurecerem em frutos. Mas o olhar da mulher permanecia fixo. Os seus passos não ficaram mais lentos. Ela não olhava nem à direita, nem à esquerda e não viu as frutinhas.
O espírito fez as árvores da floresta abrirem suas flores, uma a uma, e amadurecerem seus frutos. Mas os olhos da mulher permaneciam fixos e ela ainda não via nada além de sua raiva e dor. Então o espírito fez crescer um tapete verde ao longo da trilha, ornamentado com minúsculas flores brancas e cada flor, aos poucos, amadurecia em uma frutinha que tinha a cor e a forma do coração humano. Enquanto a mulher caminhava, ela esmagava as frutas minúsculas sob seus pés. Um aroma delicioso subiu até suas narinas. Ela parou e olhou para baixo e viu as frutinhas. Ela colheu uma e a comeu, e descobriu que seu gosto era doce como o próprio amor.
Então ela começou a caminhar devagar, colhendo as frutinhas enquanto prosseguia e, ao se inclinar para colhê-las, ela viu seu marido se aproximando por trás. A raiva havia desaparecido de seu coração. Tudo o que permaneceu foi o amor que ela sempre sentiu. Então, ela parou à espera dele e juntos eles colheram e comeram a fruta. Finalmente, retornaram para casa, com um novo gosto de paz e felicidade.

Mellon, Nancy - Corpo em equilíbrio: o poder do mito e das histórias para despertar e curar as energias físicas e espirituais - São Paulo, Cultrix, 2010.

Um comentário:

Samira disse...

Bela estória!!
Super beijo

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