Quando ele a conheceu encantou-se com seu sorriso fácil e com seu decote generoso. Ela, de imediato,percebeu que causava uma comoção especial naquele deus. Ele a cortejou com todas as gentilezas e elogios necessários. Ela seduziu e se deixou seduzir. Começaram um relacionamento meio sem rótulos e sutilmente ele passou a sugerir que ela não fosse tão exuberante assim. Não ficava bem. Apesar de um certo mal estar, ela consentiu. Logo ele pediu que não usasse mais aquelas blusas despudoradas, nem aqueles pequenos pedaços de pano que ela insistia em chamar de saia. Ficaria bem de tênis, camiseta e jeans. Assim ela se fez. Depois resolveu fazer uma limpa nos amigos e amigas. Deveria ser mais seletiva e por favor, aprender a se comportar como uma dama. Nada de cervejinhas e afins. Passou a lhe indicar os clássicos para que ela se instruísse. Deveria também apurar um pouco o gosto musical e gastronômico. Ela, que jamais esperara ser companheira de alguém tão magnificamente poderoso e sábio, a tudo atendia e lentamente foi se transformando no ideal que ele lhe propunha. Mudou de amigos, de gostos. Deixou de lado a família, entrou num curso de enologia, parou de comer pasteis de feira e começou o Pilates. Ele nunca chegou a ficar plenamente satisfeito. Sempre que ela cumpria uma exigência, ele sacava outra . Certo dia ela se deparou um tanto apagada, apropriadamente sem luz ou cor. Estranhamente nesse dia ele lhe disse que ela nunca teria jeito e foi se encontrar com outra Galatéia.
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