terça-feira, 21 de junho de 2011

A poesia de Rumi


Há alguns anos ganhei um livro precioso de poemas de um queridíssimo amigo sufi. Tratava-se de uma coleção de poemas escritos no séc. XIII pelo poeta persa Jalal ud-Dina Rumi, celebrado como o maior poeta mítico de toda a tradição persa e árabe. "Rumi pertence à seleta galeria daqueles que foram capazes de penetrar simultaneamente as esferas do divino e da criação poética", apresenta Jorge de Carvalho, seu cuidadoso tradutor.Seus poemas tocam o sublime e nos elevam à esfera do Sagrado em nós. Como meu amigo me desejou, deleito meu coração com Rumi desde então.

Encontro de almas

Vem.
Conversemos através da alma.
Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos.


Sem exibir os dentes,
sorri comigo, como um botão de rosa.
Entendamo-nos pelos pensamentos,
sem língua, sem lábios.


Sem abrir a boca,
contemo-nos todos os segredos do mundo,
como faria o intelecto divino.


Fujamos dos incrédulos
que só são capazes de entender
se escutam palavras e vêem rostos.


Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.


Como podes dizer à tua mão: "toca",
se todas as mãos são uma?
Vem, conversemos assim.


Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.


Vem, se te interessas, posso mostrar-te.

Jalal al-Din Rumi - Poemas místicos/ Rumi: seleção de poemas do Divan de Shams-i Tabriz - São Paulo, Attar, 1996
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