quinta-feira, 28 de junho de 2012

Naufrágio

Há tempos ela vinha ficando quieta, silenciosa, muda. Espreitava atenta os ruídos do pirata que habitava seu coração. Não saberia dizer quando lá ele se instalara, mas o certo é que causava trepidações em seu corpo e mudanças bruscas de temperatura. Depois de muito refletir resolveu que esperaria alguma comunicação, algum pedido de resgate. Nada. Aconteciam festins após festins; tesouros e despojos sendo tomados todos os dias. E o rum corria solto. Descontrolada e totalmente entregue não viu alternativa senão afundar o navio. Abriu vários buracos no casco enquanto o pirata dormia. Sentiu a água avançar barco acima.
Acordou falante e completamente curada da paixão insana. Nunca mais ouviu o mar...

Um comentário:

Itamar disse...

Lindo!

Parabéns!

Itamar

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