segunda-feira, 23 de abril de 2012

Rubem Alves e seu curso de escutatória

Desde muito cedo sou encantada com pessoas. Certo é que algumas me fascinam tão intensamente que pareço sentir uma certa devoção. Isto acontece com poetas, escritores , músicos e pintores. Em suma, quem me abre portais através de sua arte. Quando me deparo com alguém assim fico sem palavras. Foi o que aconteceu quando conheci este Mestre, grande em sabedoria e hábil com palavras, que é Rubem Alves. Consegui apenas falar sobre a possibilidade de curar pela beleza, ao que ele concordou.  Se é do silêncio é que ela se manifesta...











Escutatória

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil Diz o Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de ideias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de ideias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em  nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para ver é preciso que a cabeça esteja vazia.
Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, da injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento  na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: "Mas isso não é nada..." A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.
Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma." Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente quer dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: "Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas." Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante(não "evangélico"), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. ( Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as ideias estranhas.Também para tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado" Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou." Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou." E assim vai a reunião.
Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntas, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu um enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã. ao meio-dia e ás 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em "U" definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada, Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o déu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Ninguém que se levantasse para dizer: "Meus irmãos, vamos cantar o hino..." Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. É música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chora. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a ideia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio.Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto...


Alves, Rubem - O Amor que acende a Lua - Campinas, Papirus, 1999

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Jogo


O Jogo

Há milhares de anos existia um reino chamado Jardim dos Sonhos. Neste lugar a família real vivia em paz e harmonia com todos os seus súditos, pois o rei era considerado um homem sábio e justo e por isso respeitado e amado por todos. Um dia, apareceu na porta do palácio uma bela senhora com a face serena como a de um anjo, que tinha o dom de encantar as pessoas com a sua conversa mansa e divertida e com jogos e brincadeiras que ela propunha para entreter seus ouvintes deixando a todos encantados com seu jeito doce e sedutor.
Como nada passava despercebido aos olhos do rei e vendo que tal senhora tinha o dom de distrair os seus súditos, ele a mandou chamar para lhe propor que ficasse no reino ocupando o cargo de senhora dos jogos e das festas, ou seja, ela seria a pessoa responsável por promover e organizar todos os jogos e também as festas no reino.
Logo ela se tornou o centro das atenções do reino com seus jogos, brincadeiras e festas que organizava para todos os súditos do reino. Os jogos pareciam trazer felicidades e satisfações sem fim a todos e mesmo que, de vez em quando, alguém se machucasse, ninguém se importava pois todos se espelhavam nos aparentes vencedores e sempre queriam participar novamente.
Todos se deleitavam com os jogos e  festas daquela senhora, divertindo-se a valer e, desta forma os anos foram passando, até que um dia chegou um viajante de um reino distante. Este viajante era conhecido em seu reino como um homem de grande sabedoria e logo viu, que todos ali estavam empenhados em se distrair com os jogos, festas e brincadeiras daquela senhora, completamente envolvidos por ela, a ponto de se esquecerem do real propósito de suas vidas. Percebendo isto, o viajante pediu para falar com o rei, dizendo que tinha algo de muito importante  a respeito do próprio reinado para contar a ele.
O sábio ao ser recebido pelo rei no salão do palácio lhe relatou:
- Oh, estimado rei! Vejo que seu reino é muito vasto e rico e sei que governas com justiça e sabedoria, porém, há nele uma senhora de face como a de um anjo, que com seu jeito envolvente, domina os seus súditos e faz com que todos, de uma forma ou de outra se iludam com os seus jogos e, assim, se esqueçam do real propósito da vida.
O rei então lhe contou que fora ele mesmo que a convidara par viver naquele reino, exercendo tal função e que tudo aquilo estaria sujeito a acontecer. Mas sabia também que um dia seus súditos se cansariam dos jogos e das festas, que lhes prometiam a princípio, muitas felicidades e prazeres, mas que no fundo nunca as satisfariam plenamente, pois tais divertimentos erma apenas superficiais e fugazes. Quando isto acontecesse, eles estariam preparados para se conscientizarem, com toda clareza e lucidez, da verdadeira essência da vida.
Ouvindo isto, o sábio sentiu que estava diante de um homem de sabedoria e onisciência e reverenciou o rei, que sentiu que a chegada do sábio ao reino, seria o momento oportuno e auspicioso para que alguns de seus súditos começassem a despertar para o rela propósito da vida. Pediu, então, ao sábio homem que o ajudasse na missão de despertar seus súditos para uma consciência mais ampla, através de um processo de auto-análise, busca do conhecimento e disciplina espiritual.
O sábio aceitou tal missão. E todos os viajantes que passavam pelo reino diziam que aquele homem continuou com sua missão por muitos e muitos anos e que apesar de no princípio não ter sido compreendido pela maioria, cada um a seu tempo e a seu modo foi despertando do reino do Jardim dos Sonhos.


Conto de Marcelo Satuf Amaral

terça-feira, 17 de abril de 2012

Mais de Elisa Lucinda

Que poesia traz beleza traz graça e beleza à caminhada creio que muitos sabem. Que os poetas abrem portais para o sublime e para o sagrado também não é segredo algum. Mas a sensação de mergulhar na palavra e navegar nas estrofes é sempre surpreendente. Minha mestra querida, Elisa Lucinda, volta a São Paulo para dar mais uma oficina. E mais uma vez terei o prazer e a honra de experimentar esta maravilha. Só para degustação, um poema de seu livo " A Fúria da Beleza". Precisa mais?

Convite

Vamos meu amor
nos encontrar às escondidas dos nossos inimigos?
Vamos, vamos, meu amigo,
nenhum deles saberá!
Vamos, de um jeito sagaz, armar,
de modo que o rancor não encontre coleguinha, 
ressonância, par?
Vamos nos articular, pianinho,
de modo que o orgulho, esse "ervo daninho",
se sinta sozinho e sem lugar?
Vamos combinar de nos encontrar tão gostoso, 
de modo que o garboso, bobo, inútil orgulho,
aquele que sempre superior se sente,
se veja ali, sem ambiente?
Vamos, meu amor,
o amor arapucar,
de modo que a mesquinharia sinta logo que errou de ponto,
que falhou de lugar?
Vamos meu amor, meu cúmplice,
nos organizar,
pois que a gosma do ressentimento perceba logo
que se enganou de bar?
Vamos logo, amor, para um bom lugar, onde a razão conceda ao perdão 
o poder do sol,
que é o de iluminar?
Sem aqueles demais, só com nós dois
e em paz,
vamos rir,
rir de amor, 
de puro amor, 
vamos rir de chorar?
Vamo amor?  

                                          Sampa, outono de 2005


Lucinda, Elisa - A Fúria da Beleza - Rio de Janeiro: Record,2008

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ao Senhor da Floresta




Era um dia comum. Ela se levantou como sempre fazia. Desavisada caminhou pelas tarefas costumeiras. Desconhecia a aproximação da morte que lhe visitaria duplamente, seguia feliz pela quarta-feira luminosa. Até que a notícia chegou e teve de correr para socorrer a irmã que perdera o amado. Triste via crucis de quem vai enterrar alguém tão querido. Mas a vida continuava e muito havia a resolver. Não podia sequer imaginar que no dia seguinte perderia também seu único irmão, aquele que tanto a amara e tanto a odiara. Caiu a noite deste dia tão funesto e em meio às sombras ele surgiu com seus olhos brilhantes. Trouxe consigo o aroma dos eucaliptos e das matas. Trouxe vida e trouxe dor. Fez-se noite e madrugada do resto de seus dias... Ela, nem se lembra do que um dia foi.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Tudo acontece para o melhor

Histórias de diversas tradições trazem diferentes formas de pensar e viver as coisas boas e difíceis de nossa caminhada. A que se segue faz parte de uma coleção de contos hindus e nos sugere uma postura um tantinho complicada de se aplicar, mas que pode trazer grande sabedoria.










Tudo acontece para o melhor

Um certo príncipe, depois da morte do pai, herdou o reino e uma grande fortuna em ouro. Isso ele gostou - gostou bastante. O que ele não via com bons olhos era o fato de ter herdado também um velho ministro de seu pai.
Não que o ministro atrapalhasse a vida de festas e prazeres do jovem rei, mas é que ele estava sempre tão sério quanto um velho gato; sua presença era o suficiente para dissipar completamente o alegre espírito do rei e de seus companheiros.
Além disso, o velho ministro tinha o hábito de murmurar constantemente: "Tudo o que acontece, acontece para o melhor, se soubermos como aceitá-lo".
Isso irritava profundamente o rei: "Como é possível que um forte resfriado ou uma queda de cavalo possa ser bom, sem falar em ' o melhor' ?", perguntava ele a seus confidentes e dizia:
" A lógica do ministro. através do longo uso, tornou-se tão embotada como sua cabeça velha e calva e, assim, é inclinado a aceitar tudo o que vem, sem protestar, afirmando para si mesmo que tudo acontece para o melhor!"
Mas o rei não podia permitir que ele permanecesse tão simplório. Assim concluiu que algum evento excitante, tal como um passeio estimulante na floresta, seria bom para arejar a cabeça do velho companheiro de seu pai.
Assim, um dia pediu ao ministro que se juntasse a ele na caravana que iria caçar.
"Muito bem", disse o ministro como sempre.
Parecia que não seria um dia muito auspicioso. Nuvens pesadas e escuras surgiram no horizonte quando o grupo iniciou a jornada. O príncipe pensou que elas seriam varridas pelo vento. Mas justamente quando estavam na floresta, um forte vendaval partiu o galho de uma grande árvore que veio caindo, caindo, até desabar sobre o próprio rei. Felizmente, ele escapou com apenas um pequeno corte na testa.
Não obstante, gritou de horror. E, ainda por cima, os guardas e os cortesões fizeram tal alarido que centenas de chacais, perto de um arbusto, juntaram-se à confusão.

O ministro, no entanto, sorriu e consolou o rei dizendo:
" Não fique perturbado, meu jovem senhor! O que acontece, acontece para o melhor!" e acrescentou: "Tudo o que tem que fazer é aceitar todas as coisas no espírito certo".


Nunca antes estas palavras enfadonhas, tinham soado tão sinistras como então. O rei tremeu de raiva e ordenou a seus homens para amarrar o ministro e jogá-lo dentro de um buraco e gritou ironicamente alegre:
" O que acontece, acontece para o melhor, não é? Agora prove a sua própria teoria. Adeus!"

O rei e seus homens não tinham andado muito quando um temporal desabou, seguido de um pesado aguaceiro. Ouvia-se terríveis estrondos de trovões e algumas árvores, abatidas por raios, caíam diante do grupo. Em pânico, os homens correram na confusão, deixando o rei sozinho.
De repente, o rei foi cercado por uma gangue de bandidos. Nas profundezas da selva, a gangue tinha a sua própria crença e seus costumes. E dentre estes costumes, eles tinham o estranho hábito de sacrificar um ser humano no altar da divindade deles, num certo dia do ano. E  este dia tinha chegado!
O rei tentou escapar, mas ele não tinha forças para enfrentar sozinho os marginais. Foi capturado e levado para o santuário deles. Estava para perder a vida, quando os bandidos observaram a ferida em sua testa. Desapontados, mandaram-no embora, pois os rituais exigiam que o homem a ser sacrificado não tivesse uma única ferida recente em seu corpo.
Logo a chuva parou, O rei descobriu que estava no coração da floresta e tentou se orientar para achar o caminho. Quando seus homens finalmente o encontrar, estava atordoado e muito faminto. Grande foi a alegria de todos.
O rei, exausto, sentou-se numa rocha e mandou alguns de seus homens libertar o ministro.
Logo o velho surgiu, calmo como sempre. O rei o abraçou e prorrompendo-se em lágrimas, disse:

"Ó meu sábio ministro, agora compreendo a verdade de suas palavras. Teria sido morto se não fosse  a ferida na minha testa. Pode perdoar-me pelo desrespeito que tive por você?"
"Esteja certo, meu nobre senhor, que o que quer que aconteça, acontece sempre para o melhor. Eu vi os bandidos, mas eles não podiam me ver porque estava no buraco. Se tivessem me visto, certamente teriam me levado e agora minha cabeça e tronco não estariam mais juntos"...

domingo, 1 de abril de 2012

Celebrando Rachmaninoff

Há alguns anos fui apresentada a um compositor russo, sentimental ao extremo, que se tornou um de meus mais queridos. Seu concerto número 2 foi presente em momentos cruciais desta minha caminhada. Certa vez sonhei que estava num campo de concentração e a peça era a trilha de fundo. Eu começava a me desesperar no sonho, quando disse a mim mesma: " Você escolhe, ou fica deprimida ou percebe que mesmo nas piores situações, a música ainda toca." Neste primeiro de abril, data de seu nascimento, celebremos Rachmaninoff... Com Nelson Freire, beleza em forma de sons....


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...