terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Atalho


Como amo livros e histórias tenho meus "fornecedores". Ganhei, estes dias, uma preciosidade de uma queridíssima amante de livros: minha nora.  Aqui o mestre contador de histórias, Idries Shah, faz uma compilação de contos sobre este maravilhoso e estranho personagem sufi, Nasrudin.










O ATALHO

Andando para casa numa maravilhosa manhã, Nasrudin achou que seria uma boa ideia pegar um atalho pelo bosque. "Por que", perguntou a si mesmo, "caminhar por uma estrada poeirenta quando posso estar em comunhão com a natureza, escutar os pássaros e olhar as flores? Este é , de fato, um dia especial, um dia para empreendimentos afortunados".
Assim dizendo, ele se lançou bosque adentro. Não havia ido muito longe, entretanto, quando caiu num fosso, onde ficou deitado refletindo.
" Não é um dia tão afortunado, afinal", meditou. "Na verdade, ainda bem que peguei esse atalho. Se coisas assim podem acontecer num cenário bonito como esse, o que não teria me acontecido naquela estrada abominável?!"

Shah, Idries - As façanhas do incomparável Mulá Nasrudin - Rio de Janeiro: Roça Nova, 2011

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O Homem mais Feliz do Mundo

A busca da felicidade é tema constante das histórias e contos tradicionais. Quando ouvimos um conto de fada sempre esperamos o fatídico final: " E foram felizes para sempre..."  Entretanto a tal felicidade não parece ser tão simples e fácil como o final dos problemas da trama, mas algo bem mais profundo e surpreendente.








O HOMEM MAIS FELIZ DO MUNDO


Um homem que vivia numa situação bastante confortável foi um dia visitar um sábio que tinha fama de possuir grandes conhecimentos.
- Grande sábio - disse ele - não tenho problemas materiais. Contudo não estou satisfeito. Durante anos tenho procurado ser feliz, encontrar uma resposta para meus pensamentos, estar em paz com o mundo. Por favor, aconselhe-me: como posso curar-me desse mal?
- Meu amigo - respondeu-lhe o sábio - o que está oculto para uns é evidente para outros, o que é evidente para uns está oculto para outros. Tenho a solução para o seu mal, embora não seja um remédio comum. Você deve viajar à procura do homem mais feliz do mundo. Quando o encontrar deve pedir sua camisa e vesti-la.
Incansável, aquele buscador começou a procurar homens felizes. Um por um, encontrou-os e interrogou-os. Todos disseram:
- Sim, sou feliz, mas há alguém mais feliz do que eu.
Depois de viajar de país em país, por muitos e muitos dias, chegou a um bosque onde, diziam, vivia o homem mais feliz do mundo. Ouviu o som de uma risada através das árvores e apressou o passo até chegar perto de um homem que estava sentado numa clareira.
- Você é o homem mais feliz do mundo, como dizem? - perguntou-lhe.
- Certamente sou - disse o homem.
- Meu nome e minha condição são tais e tais. Meu remédio, receitado pelo maior sábio, é usar sua camisa. Por favor, poderia dá-la pra mim? Em troca lhe darei tudo o que possuo.
O homem mais feliz do mundo olhou-o bem de perto e riu. Riu e riu.
Quando o homem se acalmou um pouco, o inquieto viajante, um tanto aborrecido com sua reação, disse:
- Você deve estar fora do seu juízo para rir de um pedido tão sério.
- Quem sabe? - disse o homem feliz - Mas se você tivesse apenas tido o trabalho de olhar teria visto que não possuo camisa alguma.
- E agora, que faço então?
- Agora você ficará curado. Esforçar-se por uma coisa inatingível predispõe à prática de conseguir o que é necessário, como quando um homem reúne todas as suas forças para saltar sobre um rio mais largo do que realmente é. Certamente ele atravessa esse rio.
Então o homem mais feliz do mundo tirou o turbante cuja ponta escondia seu rosto. O homem inquieto viu que ele não era outro senão o grande sábio que o tinha aconselhado no início.
- Por que não me disse isso quando fui procurá-lo há tantos anos? - perguntou o viajante, desconcertado.
- Porque naquela época você não estava pronto para compreender. Precisava de certas experiências, e estas tinham que  lhe ser proporcionadas de um modo que garantisse que você passaria por elas.

Histórias da tradição sufi - Rio de Janeiro: Edições Dervish- Instituto Tarika, 1993.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carnaval às avessas


Todo o ano quando o Carnaval chegava, ele se mirava no grande espelho de seu quarto e com cuidado amoroso retirava a máscara. Trabalho delicado pois células, sangue e silicone se misturavam como se fossem uma coisa só. Despia-se lentamente, retirava a peruca , banhava-se. Depois voltava a se observar no espelho, esquecido de quem era. Permitia-se quatro dias de profunda depressão, mau humor, instabilidades. Desvelava por inteiro sua insignificância. Festa visceral de um encontro com seu escondido e alterado ego. E o bloco passava ao longe...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A semente dourada

As histórias nos fazem refletir sobre quem somos no mais profundo e como agimos a partir disso. Nada fica ser nos ser revelado. Espelhos potentes para nos ajudar nas transformações. Esta lembra um outro Mestre que mandava atirar pedras só quem nunca tivesse pecado...






A Semente dourada

Era uma vez um homem pobre e faminto que roubou uma fruta no mercado. O vendedor mandou prendê-lo e levou-o diante da decisão judicial. 
O ladrão disse em sua própria defesa: "Se você me perdoar, eu lhe darei um presente maravilhoso."
O juiz replicou asperamente: "O que você pode ter para selar esse acordo?"
O ladrão tirou do bolso uma pequena semente. "Quando ela for plantada dará frutos de um dia para o outro. Ela dará frutos de ouro."
Então o juiz insistiu que ele plantasse a semente.
"Eu não posso", disse o pobre homem. "Ela só pode ser plantada por alguém que nunca roubou, nunca enganou ou mentiu. Senhor, o senhor terá a honra de plantar a semente."
O magistrado-chefe balbuciou e murmurou: "Eu não cultivo plantas. Dê a semente para meu sumo prelado". 
O prelado recusou dizendo: "Eu não sei lidar com plantas. Dê a semente par meu comissário de julgamentos".
Um por um, todos os funcionários da corte se recusaram a plantar as sementes. Cada um deles ficou em silêncio.
Finalmente, o ladrão falou: "Deverei ser punido por roubar uma fruta quando eu estava com fome, se nenhum de vocês é capaz de plantar esta semente. Isto é justiça?"
O magistrado o libertou.


Mellon, Nancy - Corpo em equilíbrio: o poder do mito e das histórias para despertar e curar as energias físicas e espirituais - São Paulo, Cultrix 2010

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Cantar a canção da alma

Em muitas histórias, na hora do perigo, da revelação, da transformação faz-se necessário cantar a canção. Canção que abre portas, que desfaz véus, adormece dragões e cria vida onde a morte havia se instalado. Clarissa fala da necessidade e do poder do canto da alma no momento certo.

" Na história, La Loba canta sobre os ossos que reuniu. Cantar significa usar a voz da alma. Significa sussurrar a verdade do pode r e da necessidade de cada um, soprar alma sobre aquilo que está doente ou precisando de restauração. Isso se realiza por meio de um mergulho no ponto mais profundo do amor e do sentimento, até que nosso desejo de vínculo com o Self selvagem transborde, e em seguida com a expressão da nossa alma a partir desse estado de espírito. Isso é cantar sobre os ossos. Não podemos cometer o erro de tentar extrair esse imenso sentimento de amor de algum ser amado, pois essa função feminina de descobrir e cantar o hino da criação é um trabalho solitário, um trabalho realizado no deserto da psique".

Busquemos o deserto do silêncio, esperemos que nossa vísceras despertem , revelem o maravilhoso som que um dia nos criou e que nossa canção, assim tão íntima, recrie mundos.

Estés, Clarissa Pínkola - Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem  - Rio de Janeiro: Rocco, 1994

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Ora direis ouvir meu coração...

Fomos todos educados para responder às demandas externas em detrimento dos anseios de dentro. Crianças pequenas sempre sabem o que querem, do que gostam...Somos forçados ao esquecimento para que não nos tornemos tiranos. Ainda não achamos um meio mais gentil de socializar sem calar a voz interna. Quando bem "aprendidos" tornamo-nos quase que autômatos sem consciência da vastidão de possibilidades do universo interno. O processo de voltar a nos ouvir é longo e intrincado. Mas vale a pena!






"O modo como uma cultura torna os seus filhos sociáveis( e somos todos produtos do processo) é lhes ensinando a confiar primeiramente nos julgamentos que estão fora deles mesmos. Para socializar uma criança você precisa inspirar nela somente três princípios básicos: aceitar a informação vinda de fora, buscar as recompensas exteriores e ignorar a voz interior, caso ela conflite com o que vem de uma autoridade externa. Essa é a maneira de treinar uma criança para que ela seja membro de uma sociedade. Por isso, quando a mãe diz 'faça isto', você  faz mesmo que sinta em seu coração que não é o certo. Se você se sair bem agindo dessa forma, será bem-sucedido na sociedade, será um proscrito.
Quando dizemos 'confie na sua intuição' ,quando passamos a encorajar isso, estamos revertendo o processo. Quando despertamos, começamos a agir de dentro para fora, e não de fora para dentro- e essa é a transformação que realmente buscamos. Ela conduz a um comportamento baseado não no auto-interesse esclarecido, mas nos mecanismos de um coração desperto."

Ram, Das - Caminhos para Deus: Ensinamentos do Bhagavad Gita - Rio de janeiro, Nova Era, 2007

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O Rei e o Lobo

Lobos são seres encantados, assim como os gatos muito mal falados. São símbolos da natureza selvagem e indomada dentro de nós. Há quem os ame por isso, há quem os odeie e queira destruir. Hoje encontrei esta história sufi num livro precioso que ganhei de alguém muito querido. História de ensinamento.






O Rei e o Lobo

Certo rei decidiu domesticar um lobo e transformá-lo em um cão dócil. Seu desejo baseava-se na ignorância e na ânsia de que os outros aprovassem e admirassem sua atitude, o que é causa frequente de muitos problemas neste mundo. Fez com que tirassem de uma loba um dos seus filhotes recém-nascidos, e que fosse criado entre cães domésticos.
Quando o filhote do lobo cresceu, foi levado diante do rei e durante vários dias se comportou exatamente como um cão.
As pessoas que viam esse fato assombroso ficavam maravilhadas e pensavam que o rei era extraordinário.
Agindo de acordo com essa crença, fizeram do rei seu conselheiro em todas as coisas e lhe atribuíam grandes poderes. O próprio rei acreditou que o que acontecera era quase um milagre. Um dia, quando estava caçando, o rei ouviu uma matilha de lobos que se aproximavam. Quando os animais chegaram mais perto, o lobo doméstico deu um salto, mostrou as presas e correu para lhes dar as boas vindas.
Em poucos segundos desapareceu, de volta aos seus companheiros naturais.

Esta história me lembra uma frase de meu grande amigo Thompson Loyola: "O dever de todo peixe é saltar do aquário!"

O Sufismo no Ocidente: preparação do buscador- Rio de Janeiro: Ed. Dervish, 1988

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

"Você é o que você lê"

Hoje me deparei com uma postagem no Facebook que dizia: "Você é o que você lê!". Somos eternas sopas de letrinhas construídas lentamente por nossos autores prediletos. Gosto disto! Posso ter um pouco de Scarlett O'Hara - eu li o livro antes de ver o filme - e muito de Jo March de Mulherzinhas. Contemporâneas da Guerra Civil e de época de leitura. Tolstói e Dostoiévski nem se fala, li tanto que dei à luz um filho russo.Hesse, Borges, Reich, Freud, Clarice, Adélia, Pessoa e tantos outros compondo as células de minha alma. E uns não tão canônicos...
Quando conheci Rosa Montero e sua "A louca da casa" fiquei encantada com sua forma de narrar , o que amplia minha forma de contar a minha história.  Quem sabe somos o que lemos porque recheamos nossa lembranças com lembranças incorporadas de personagens amados.
Rosa diz:
"Falar de literatura, então, é falar da vida: da própria vida e da vida dos outros, da felicidade e da dor. E é também falar do amor, porque a paixão é o maior invento das nossas existências inventadas, a sombra de uma sombra, a pessoa adormecida que sonha que está sonhando..."




Foto: Escultura de Davi Kracov  chamada "O Livro da Vida"em homenagem ao rabino Yossi Raichik, que ajudou 2500 crianças a minimizar os efeitos do desastre de Chernobyl através da leitura


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"A Fúria da Beleza"

Certa vez fui a uma palestra do Rubem Alves. Quando se depara com alguém que você já leu por demais, fica estranho conversar, falar, tocar então... Eu depois da fala levei um livro para que ele autografasse e timidamente agradeci por toda cura que ele já havia me oferecido. Perguntei ao mestre, um tanto relutante: "Você acredita que beleza cura?" Ele sorriu e me respondeu ternamente que sim.
Tempos depois me deparei com esta grandiosidade chamada Elisa Lucinda que leva a beleza às últimas consequências , penetrando, assolando , construindo paisagens e infinitos mundos que se desvelam através da palavra, da poesia.  Em seu livro " A Fúria da Beleza" ela fala:





Vaidade

À tarde que me seduz, 
o parado sonso do vento
nas árvores, estátuas de verde
prateadas por um só fio filete de luz,
rendida estou e
sou dela refém.
Transito em seu planeta.
Levito parada feita a paisagem.
É que eu também dela sou paisagem,
e faço agora, de cabeça,
versos que só escrevi depois.


Há muitos anos a tarde me sequestra, ora pois!
Há inúmeras cigarras esta orquestra me detém e liberta!
Sob seu sovado me leva,
sou seu pão.


O que ninguém sabia até então,
nem eu, 
é que este pão,
o famoso gostoso pão da tarde,
o das tardes frias,
o das tardes quietas,
o das tardes quentes e
o das tardes inquietas,
é feito da carne do trigo do olhar do poeta.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Papagaio Real

Há 121 anos nascia uma menina aquariana, livre por natureza e mandona como só ela num tempo em que as mulheres tinham que ser obedientes e cordatas. Problemas teve muitos, mas criou seus filhos e esta neta para quem foi a primeira contadora de histórias. Desfiava contos conhecidos e alguns tão estranhos que eu tinha certeza que saíam ali mesmo daquela cabeça prateada. Apresentou-me mundos, gigantes, sóis e luas. Depois de anos achei este conto tradicional brasileiro que ela recheava com muitos elementos. Aqui vai a história como se conta hoje.




O Papagaio Real

Duas irmãs moravam juntas, mas a mais velha era muito boa e a mais nova, maldizente e preguiçosa. Várias noites seguidas, a mais nova escutou um barulho de asas e depois a voz de um homem no quarto da sua irmã. Achou aquilo muito esquisito. Certa noite, resolveu espiar pelo buraco da fechadura. Viu, no meio do quarto, uma bacia cheia de água.

Quando bateu a meia-noite, chegou na janela um papagaio enorme e muito bonito. A ave voou para dentro do quarto, entrou na bacia e sacudiu-se, espalhando água para todos os lados. Cada gota que caía se transformava numa moeda de ouro e, quando o banho terminou, o papagaio tinha se transformado no príncipe mais formoso do mundo. Ele se sentou do lado da irmã mais velha, tomou sua mão e os dois começaram a namorar.

Louca de inveja, a irmã mais nova resolveu acabar com aquela história no dia seguinte. À tarde, quando a irmã não estava, encheu o peitoril da janela e a bacia com cacos de vidro que eram invisíveis de tão transparentes. À noite, o papagaio chegou e, batendo asas no peitoril, cortou-se todo. Voou para a bacia e cortou-se mais ainda. O papagaio não virou príncipe, arrastou-se até a janela e disse para a moça, assustada com o que sucedera:

– Ingrata! Agora, se quiseres me ver, só no reino de Acelóis.

Batendo as asas ensanguentadas, desapareceu. A moça quase se acabou de tanto chorar. Brigou muito com a irmã invejosa e deixou a casa, decidida a procurar o noivo mundo afora. Andou por muitos lugares. Empregou-se como criada nas casas, só para perguntar onde ficava o reino de Acelóis. Ninguém sabia ensinar e a moça foi ficando desanimada.

Depois de muito viajar, viu-se perdida numa floresta. Com a chegada da noite, resolveu subir numa árvore para descansar. Foi aí que viu algumas aves conversando e ficou sabendo que uma delas seguia justamente para o reino de Acelóis. O príncipe estava muito doente. Para curá-lo era preciso dar-lhe de beber três gotas de sangue do dedo mindinho de uma mulher que quisesse dar a vida por ele.

Na manhã seguinte, a moça prestou atenção na direção que a ave seguia e pôs o pé na estrada. Quando o sol se punha, avistou o reino de Acelóis. Pediu abrigo na casa de uma família de camponeses e, ali, ficou sabendo das novidades. O príncipe continuava doente e o pássaro que descobrira o modo de curá-lo havia sido morto por um gavião quando chegava perto do palácio real.

No outro dia, a moça saiu à procura do rei, o qual já recebia qualquer pessoa que lhe prometesse salvar seu filho, o príncipe. A moça lhe disse, então:

– Posso curar o príncipe, se Vossa Majestade me der, de tinta e papel passado, a metade do reino e de tudo que lhe pertencer.

A contragosto, o rei aceitou a proposta. A moça foi para o quarto do príncipe, furou o dedo mindinho e derramou três gotas de sangue nos lábios do doente. Assim que as engoliu, o príncipe abriu os olhos e levantou-se da cama. Quase não acreditou, ao reconhecer sua salvadora. Foi, então, falar com o pai. Disse que aquela era sua verdadeira noiva desde quando ele estava encantado em um papagaio real. Queria se casar com ela. O rei não gostou, pois não se tratava de uma princesa. Negou seu consentimento.

– Vossa majestade me deu a metade de tudo que lhe pertence – disse a moça, exibindo seu contrato. – Se não posso me casar com o príncipe, vou cortá-lo ao meio e levar a metade comigo.

Ao ouvir falar em cortar o príncipe pelo meio, o rei voltou atrás e deu seu consentimento. Os dois se casaram e foram felizes para sempre.
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